"...Como se ao me dares a tua mão, um pouco do que sentes passasse..."
Não há tempo que pare e congele o momento que queremos guardar sempre connosco... não há porque o tempo não se rege por um relógio ao qual podemos tirar a pilha.
Gostávamos, provavelmente todos, de o ter feito, permitindo que ficasses num momento mais prolongado connosco. Queriamos-te aqui, com o teu cabelo loiro, encaralocado, as tuas conversas que nos punham a pensar, o muito que sabes deste mundo, a forma especial como o vês. Queriamos-te aqui, ao nosso lado. E tu partiste...
A vida diz-me que a mudança é o motor que nos faz crescer, que nos empurra mais longe, que nos dá força para sermos nós, sem mais, "porque podemos".
Mas custa também. Sentimos um abismo debaixo de nós proque não sabemos se ao cairmos temos um imenso oceano prestes a aconchegar o nosso mergulho e nos permitir voltar à superfície e desfrutar do momento, ou se temos uma rocha enorme onde iremos bater com a cabeça. Mas arriscamos... "porque nos atrevemos".
A tua ausência é a tua presença constante porque estás aqui connosco sempre. As vidas tomam diferentes rumos mas quem é, é. Quem é não se vai embora, a quem é não dizemos "adeus", mas "até já". O tempo passará e as conversas serão as mesmas, parecerá que o tempo parou então para nós, para nos guardar e guardar o que somos... entretanto teremos todos vivido tanto, seremos mais, estaremos mais "cheios"... mas seremos os mesmos parvos que se juntam para contar aquelas piadas sem graça mas com as quais nos rimos imensamente...
O meu "até já", repleto da saudade de quem sabe que serás de novo grande, aí, em terras britânicas, lembra agora o que nos tornou quem somos e recorda as seguintes palavras:
"como se ao me dares a tua mão, um pouco do que sentes passasse".
Disseste-mo uma vez... e hoje sinto que as nossas mãos se unem sempre nos momentos bons ou maus, na proximidade de um abraço e de um olhar cúmplice, ou na distância de um pensamento.
Até breve...
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